Please, let me introduce you Mr. Joyce. James Joyce.
- Dá-me um beijo – disse-lhe ela.
Mas os seus lábios não puderam inclinar-se para a beijar. Queria estar bem preso pelos braços dela e ser acariciado vagarosamente, vagarosamente, vagarosamente. Nos seus braços sentiu que se tinha tornado subitamente forte, destemido e seguro de si próprio. Mas os seus lábios não queriam baixar-se para a beijar.
Com um inesperado movimento ela inclinou-lhe a cabeça e colou os lábios nos dele, e ele leu o sentido dos seus movimentos nos olhos francos levantados para ele. Era de mais. Fechou os olhos, submetendo-se a ela, de corpo e alma, sem consciência de mais nada no mundo que não fosse a rude pressão dos lábios dela entreabrindo-se suavemente. Comprimiam-lhe o cérebro como lhe comprimiam os lábios, como se fossem o veículo de uma vaga linguagem; e entre estes lábios sentiu uma desconhecida e tímida pressão; mais tenebrosa que o desmaio do pecado, mais suave que um som ou um perfume.
in “Retrato do Artista quando jovem”, pp 115, 116, trad. e prefácio de Alfredo Margarido, Difel 2009.
Imagem: a Babe de todas as babes.
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