Fidelio II
Um hino à
liberdade
Fidelio, já
aqui se disse, é a história de um prisioneiro, salvo pela coragem da sua
mulher. O enredo de Fidelio é particularmente interessante, uma vez que, Fidelio
é, na verdade, Leonora, a mulher do prisioneiro político Florestan. No entanto,
Fidelio tem um problema sério, porque a filha do carcereiro está apaixonada por
ele, isto é, por Leonora. Mas não eram as questões de identidade a fonte das
preocupações de Beethoven. A obra acontece numa época que tem como pano de
fundo assuntos como a tirania, a injustiça e o desejo pela liberdade evocando
assim as três bandeiras da Revolução Francesa: a Igualdade; a Liberdade e a
Fraternidade.
Por isso, não é de estranhar o impressionante
Coro do Prisioneiros, numa página magistral na qual convergem os elementos dramáticos
individuais e os elementos colectivos e, portanto, políticos. É uma magnífica
metáfora da condição humana oprimida por um poder injusto. Beethoven faz-nos
ouvir o coro dos prisioneiros que saem da escuridão do cárcere e experimentam a
liberdade. No pianíssimo
inicial podemos ver os prisioneiros a abrirem lentamente os olhos para se
habituarem à luz, enquanto inspiram outro ar. O véu abre-se lentamente num
amplo crescendo, enquanto retomam a coragem – a cantar um hino à liberdade. É
um grandioso canto do amor conjugal e da vitória por um ideal de libertação.
Arturo
Reverter, autor do ensaio “Fidélio”, citando Basil Dean afirma que “não
houve na História da Ópera um momento tão profundamente comovente, de um
significado tão universal, como a saída desses anónimos prisioneiros das trevas
para a luz”.
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