Variação sobre rosas
![]() |
Imagem: Domingos Monteiro |
Como as
rosas selvagens, que nascem
em qualquer
canto, o amor também pode nascer
de onde
menos esperamos. O seu campo
é infinito:
alma e corpo. E, para além deles,
o mundo das
sensações, onde se entra sem
bater à
porta, como se esta porta estivesse sempre
aberta para
quem quiser entrar.
Tu, que me
ensinas o que é o
amor,
colheste essas rosas selvagens: a sua
púrpura
brilha no teu rosto. O seu perfume
corre-te
pelo peito, derrama-se no estuário
do ventre,
sobe até aos cabelos que se soltam
por entre a
brisa dos murmúrios. Roubo aos teus
lábios as
suas pétalas.
E se essas
rosas não murcham, com
o tempo, é
porque o amor as alimenta.
Nuno Júdice | Pedro, Lembrando Inês | Publicações
Dom Quixote, Fev 2009
Amar talvez
seja isso que o poeta nos diz: descobrir jardins em lugares que consideramos impróprios.
Os jardineiros da alma sabem isso melhor do que ninguém. Amam as flores e, por isso, cuidam delas,
porque sabem que não há amor fora da experiência do cuidado. Mas quem quiser levar a rosa,
terá de saber que com ela vão os espinhos. Haendel compôs sobre as flores e os
espinhos numa das árias da minha vida: “Lascia la spina, cogli la rosa”, (“liberta-te dos espinhos, colhe a rosa”). A letra diz literalmente - deixa-me chorar! A beleza da rosa vale a
dor dos espinhos?
...da série "tu: a primavera luminosa da minha expectativa."
ResponderEliminar…. da série tu: que pousaste a primavera em mim e fizeste florir a vida à nossa medida
Eliminar