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O Concerto nº 2 para Violino e Orquestra de Bruch faz parte do repertório violinístico de praticamente todos os grandes violinistas; de Perlman a Joshua Bell, passando por uma Julia Fischer até um Zukerman. Mas esta notável obra não se esgota no reconhecimento dos grandes intérpretes. Por vezes o tema de uma obra é sobretudo o seu invisível…  Com efeito, Max Bruch é um daqueles compositores conhecido praticamente por  uma única peça, quando escreveu ao todo mais de duzentas. Não é incomum que o sucesso de apenas um livro, ou de uma canção, persiga o seu autor ao longo de toda uma vida. Menos comum é que isso o aflija de uma forma dramática.

O concerto terá demorado cerca de dez anos a ser composto, foi o seu primeiro grande trabalho para Orquestra, e a fase final contou com o auxílio do virtuoso violinista Joseph Joaquim que teve um papel fundamental na elaboração da forma romântica, sendo solista o próprio Joachim a quem aliás Bruch dedicou a obra. O concerto foi um sucesso absoluto de tal forma que Bruch desesperou durante toda a sua vida porque apenas lhe falavam da peça.

Isto era especialmente desesperante porque Bruch fruto de um mau negócio não recebia qualquer rendimento deste concerto, porque tinha aceitado um modelo em que apenas recebia um valor fixo na data da edição não tendo depois direito a nenhuma subvenção posterior. Morreu sem ter sido recompensado financeiramente do seu sucesso.

De fraco consolo serviram as palavras de Joseph Joachim ao colocar este concerto junto dos três grandes concertos para violino alemães: o de Beethoven, Brahms e Mendelssohn. Esta avaliação pode parecer um devaneio ao colocar Bruch ao nível de Beethoven. No entanto este juízo é de um virtuoso e de alguém cuja importância foi fundamental na divulgação destas quatro obras.

Na verdade, se Bruch não tivesse composto mais nada, vergar-nos-íamos ao peso desta notável obra. Através do Adagio podemos ouvir uma das mais belas melodias e orquestrações compostas para um andamento lento de um concerto. Começa com um ambiente maravilhosamente calmo, lírico – que me deixa várias vezes em suspenso – como se a música passasse por entre as notas e a cada momento a maravilha se abrisse. Por várias vezes, como que a golpes de vento, o tema ergue-se do silêncio para ser "carregado" com intensidade máxima. Como se voar fosse a sua maneira de ser. Uma obra penetrante e luminosa, e dela tenho feito o hotel da memória ao qual volto com frequência.

Escolhi o violinista Zukerman para interpretar o Adagio por captar melhor o espírito romântico da obra.

                                                       





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