Na superfície do teu corpo
Se algo amei,
não nos afrescos e as estátuas,
Se em algo vi a harmonia oclusa do Universo,
Se em algo entrevi a mão que move os círculos
atónitos dos astros,
Se assisti aos planetas e aos átomos nas moléculas,
as elipses
Sem saudade dos cometas nas parábolas íntimas
do sangue,
As cordilheiras numas ancas, as vagas
explosivas em dois seios,
A verticalidade das florestas entre coxas, o
torcer-se
Dos galhos estirados em dois braços,
E o fundo das lagunas entre lábios, e esses
brilhos
No vácuo desparzidos em pupilas,
Foi em ti
(...)"
Emily
Dickinson
( in “Corpo”,
Duzentos Poemas. Tradução, organização e posfácio de Ana Luísa Amaral. Relógio
D´Água Editores, Outubro de 2014).
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