Na superfície do teu corpo


                                                                  
Gustav Klimt, Serpentes d'Água II, 1907.

Se algo amei, não nos afrescos e as estátuas,
 Se em algo vi a harmonia oclusa do Universo,
 Se em algo entrevi a mão que move os círculos atónitos dos astros,
 Se assisti aos planetas e aos átomos nas moléculas, as elipses
 Sem saudade dos cometas nas parábolas íntimas do sangue,
 As cordilheiras numas ancas, as vagas explosivas em dois seios,
 A verticalidade das florestas entre coxas, o torcer-se
 Dos galhos estirados em dois braços,
 E o fundo das lagunas entre lábios, e esses brilhos
 No vácuo desparzidos em pupilas,
Foi em ti (...)"

Emily Dickinson


( in “Corpo”, Duzentos Poemas. Tradução, organização e posfácio de Ana Luísa Amaral. Relógio D´Água Editores, Outubro de 2014).




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