O BANAL UNIVERSAL
«O “rosto
humano”, com o seu valor cultural, desapareceu há já bastante tempo da
fotografia. A época do Facebook e do Photoshop torna o rosto humano uma face
que se dissolve por completo no seu valor de exposição. A face é o rosto
exposto sem a “aura do olhar”. É o rosto humano sob a forma de mercadoria. A
face, enquanto superfície, é mais transparente do que esse rosto ou essa cara
que, para Emmanuel Levinas, constitui o lugar eminente onde irrompe a
transcendência do outro. A fotografia digital apaga toda a negatividade, uma
vez que já não precisa nem de câmara nem de revelação. Não é precedida por
negativo algum. É um positivo puro. Apagam-se o devir, o envelhecer, o morrer
(…). O destino não é transparente. Falta à fotografia transparente, a
condensação semântica e temporal. Por isso, não fala.»
"A
Sociedade da Transparência", Byung-Chul Han, Relógio D’Água, trad. Miguel
Serras Pereira, 2012.
By me (pastel, 40x30, 2016):
À margem:
quando é que uma fotografia se torna uma grande fotografia?
Comentários
Enviar um comentário