Uma canção desesperada

Ter nas mãos a mesma canção cantada por dois dos principais responsáveis pelo resultado final, mas distintos, e que admiramos, dá-nos a perturbante sensação de participarmos num jogo de reversões, indecisões e traições, aquando confrontados com a escolha entre ambos. Please, Please, Please, Let Me get Waht I Want, já por aqui passou. Mas um poema não se lê uma só vez. É uma breve canção, de uma subtil intensidade musical e de incomparáveis penumbras e luminosidades. 



Entre a voz de Morrisey - imponente e quente, e o virtuosismo - de Johnny Marr  (foi quem efectivamente compôs a canção), escolha-se. É difícil. Se, por um lado, Morrissey constitui por excelência o garbo, por assim dizer (repara-se na categoria, este tipo não é de confiança), já a performance de Johnny Marr está mais perto da música de câmara. O discurso introdutório da guitarra, evidencia-se em tom de confidência, um clima intimista, quase murmurando.


                                    


Não tem conta as vezes que esta canção foi ouvida e rescrita ao longo da minha vida. É daquelas que fazem com que se equacione música e vida. 
Não é que haja aqui um testemunho pessoal, mas diagonais irregulares, várias melancolias. Os Smiths foram estruturantes para mim. E não tem a ver com gosto, ou beleza, mas com estrutura interior. Algo permanente na mutação dos meus sentimentos.


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