Quel Amour!?
“De onde
nasce o amor das origens senão das origens do amor? Daquilo que não continuará
e que igualmente nunca terminará.”
- J.-B.
Pontalis ((L’Amour des commencents. Galimard, colecção Folio, Paris 1994, p.
70).
Assim começa
a curadoria de Éric Corne da exposição temporária Quel Amour!? Lisboa , Paris,
Marselha, uma brilhante cosmogonia sobre o amor.
O enunciado
de Pontalis, a um tempo, aponta os limites e a tautologia da linguagem. Não é
que o amor esteja fora do jogo da linguagem e não produza os seus próprios
discursos, mas, apostar numa natureza significante dele, seria um esforço
inútil, e que, por definição, estivesse fora de qualquer teoria significante e
a sua presença por si só assegurasse o seu significado.
Quel amour!?,
pelo seu título, balançando entre o exclamativo e o interrogativo, procura lançar
possibilidades; pressupõe uma aposta, mais que uma crença, um salto, “para que
(?)” sentido dar-lhe. Interrogação e exclamação, o amor é revelador da explosão
de sentidos, libertação de interditos, dos nossos abismos, dos seus maniqueísmos
que produzem a sua bondade, quer a sua maldade, torna-se “uma busca pelo Éden
ou pelo Inferno”. “O real inclui o amor”, diz-nos o curador, e as obras expostas
são a encarnação de uma presença real.
A exposição
inicia-se com a aproximação de Francis Bacon a William Kentridge que prefigura
na sua narrativa posições antagónicas. Se em Kentridge, o amor está representado
como celebração, já em Francis Bacon, está como ferida.
O amor está,
como diria Rimbaud, “sempre pronto a ser reinventado, porque se situa nessa
zona cinzenta dos nossos afectos, da nossa experiência da felicidade, da
liberdade, da emoção, da dor – todas feridas nas nossas almas.”
Annette Messager,Jalouise/Love, 2010.
Antoine D’Agata,
Phnom Pehn, 2008.
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