Quel Amour!?






“De onde nasce o amor das origens senão das origens do amor? Daquilo que não continuará e que igualmente nunca terminará.”
- J.-B. Pontalis ((L’Amour des commencents. Galimard, colecção Folio, Paris 1994, p. 70).
Assim começa a curadoria de Éric Corne da exposição temporária Quel Amour!? Lisboa , Paris, Marselha, uma brilhante cosmogonia sobre o amor. 



O enunciado de Pontalis, a um tempo, aponta os limites e a tautologia da linguagem. Não é que o amor esteja fora do jogo da linguagem e não produza os seus próprios discursos, mas, apostar numa natureza significante dele, seria um esforço inútil, e que, por definição, estivesse fora de qualquer teoria significante e a sua presença por si só assegurasse o seu significado.
Quel amour!?, pelo seu título, balançando entre o exclamativo e o interrogativo, procura lançar possibilidades; pressupõe uma aposta, mais que uma crença, um salto, “para que (?)” sentido dar-lhe. Interrogação e exclamação, o amor é revelador da explosão de sentidos, libertação de interditos, dos nossos abismos, dos seus maniqueísmos que produzem a sua bondade, quer a sua maldade, torna-se “uma busca pelo Éden ou pelo Inferno”. “O real inclui o amor”, diz-nos o curador, e as obras expostas são a encarnação de uma presença real. 



                                           Francis Bacon, Oedipus and the sphinx after Ingres, 1983.

A exposição inicia-se com a aproximação de Francis Bacon a William Kentridge que prefigura na sua narrativa posições antagónicas. Se em Kentridge, o amor está representado como celebração, já em Francis Bacon, está como ferida.            
    

                                                     
                                           William Kentridge, Floating Women, 1989.

O amor está, como diria Rimbaud, “sempre pronto a ser reinventado, porque se situa nessa zona cinzenta dos nossos afectos, da nossa experiência da felicidade, da liberdade, da emoção, da dor – todas feridas nas nossas almas.”



                                         Paula Rego, Amor, 1995.




                                           Annette Messager,Jalouise/Love, 2010.






                                        Gérard Fromanger, Rouge, nuns, 1994.




                                              Antoine D’Agata, Phnom Pehn, 2008.




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