A PORTA

Queria ficar como antes, imóvel e serena como o mundo jamais está, não em pleno Verão, mas antes dele, no instante em que se forma a primeira flor, esse instante em que nada é ainda passado – não em pleno Verão, o intoxicante, inebriante, mas no final da Primavera, com a erva ainda mal crescida na orla do jardim, as primeiras tulipas começando a abrir – como criança que ronda uma porta, atenta aos outros, aos que passam primeiro, novelo tenso de braços e pernas, alerta ao fracasso dos outros, às fraquezas públicas, com essa feroz confiança infantil no poder iminente, pronta a ...