Uma carta de amor
De Dostoiévski a Saul Bellow, passando pelos diários de Vergílio Ferreira, a forma epistolar na literatura, seja na forma de carta ou diário, sempre pretendeu constituir-se como um recurso que conferisse uma maior veracidade à narrativa. Uma forma que, por definição, estivesse fora de um mundo ficcional relevando e revelando uma narrativa confessional e confecionável de um eu. Que essa técnica seja adoptada à música, já é menos convencional e, pode dizer-se, por isso, menos planeada comercialmente. O facto de, E- Bow the Letter dos R.E.M. não ter sido concebida aparentemente como um hit da pop mainstream, confere-lhe a distinção e originalidade suficientes para se afirmar, para mim, como a melhor das suas canções. E-Bow the Letter lê-se como uma correspon...