Ah, o gosto!
Aqueles que ao longo da sua vida não têm quaisquer pergaminhos para todo um universo da música erudita, agora exibem-na como a figura da amada. Mas como sempre tiveram ouvido duro, acham de bom tom mostrarem-se alérgicos à ideia de música popular e bem podem sufocar com o bocejo pedante diante da voz jazzística de Celeste. Chama-se a isto preconceito. Se as pessoas quisessem de facto educar o gosto, deviam estar mais interessadas em conhecer do que em preferir.
Se nos limitarmos àquelas obras, sejam elas música, cinema, quadros, esculturas, que já conhecemos e sabemos que gostamos, jamais o nosso gosto será ampliado. É bem possível que muitas pessoas já estejam cansadas de Celeste sem saberem o nome dela. Isto é: cansadas do que está a sair e não lhes seja entregue em mão.
Já Paul Weller não precisa de uma fila de pontos de exclamação para existir, goza de estabelecida reputação como ícone no mundo da música e da moda. É sempre compositor, poeta, cantor e instrumentista em simultâneo. Não deve ser dividido em quatro. Recorde-se os longos anos de sucesso como frontman dos The Jam e The Style Council. Numa longa tradição de actuação com artistas emergentes (Adele e Amy Winehouse) é agora a vez de se juntar ao piano com Celeste num clássico seu, “You Do Something To Me”, em versão íntima. Nada mais do que piano e vozes, uma performance envolvente, duas vozes entrelaçadas num dos melhores duetos de Paul Weller.
Comentários
Enviar um comentário