A Montanha Mágica Revisited II
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A Cabala
Há livros que nos sugam. Assim que se começa a ler A Montanha Mágica, logo se percebe, tal Hans Castorp percebeu, que dificilmente se escapa deste lugar. Na Montanha Mágica há de tudo: os humanistas e os jesuítas, os que estão de passagem, e os que se deixam agarrar, os que têm um fim e os que acabam sem destino… Há de tudo com efeito, até numerologia cabalística. A numerologia cabalística não foi uma moda que tivesse acompanhado alguns dos mais notáveis pensadores no início do século XX, como Walter Benjamin. Já vem dos pitagóricos a ideia de que por detrás dos números existe um sentido sagrado que regule o Cosmos. A fé matemática, talvez seja a última das sabedorias encerradas no mistério.
Se existe um número que adensa mais o mistério e crenças várias, sem dúvida que é o 7. Pitágoras afirmou que o 7 é um número sagrado e perfeito. Para as principais religiões monoteístas, o 7 está presente como número místico, indicando o processo de passagem do desconhecido para o conhecido, como a criação do mundo em 7 dias. Muitas são as curiosidades da numerologia cabalística:
7 - São os pecados
capitais (soberba, ira, inveja, luxúria, gula, avareza e preguiça);
7 - São as notas musicais com 7 escalas, 7 pausas e 7
valores;
7 - São as cores do Arco-Íris;
7 - A Lua tem 4 fases de 7 dias cada.
Resumindo o espácio-temporal do livro: Hans Castorp é um vulgar engenheiro naval, natural de Hamburgo e decide visitar o primo Joachim tuberculoso internado num sanatório nos Alpes suíços. O plano era ficar apenas três semanas, aproveitar para tratar uma ligeira anemia e regressar à sua vida comezinha de sempre. No entanto, também Castorp é acometido de tuberculose e, de visitante passa a doente. 7 são os anos que Hans Castorp acaba por ficar na montanha. O número do quarto que lhe é atribuído tem uma enorme simbologia cabalística: 34. A soma de 3+4 = 7.O número 3 encontra expressão no triângulo da Santíssima Trindade e o 4 nos quatro elementos físicos (terra, água, ar e fogo):
7 - Era a idade que Hans Castorp tinha quando os seus pais morreram;
7 - É o número de minutos que os doentes no Sanatório têm de ter o termómetro na boca;
7 - Foram as semanas que Hans Castorp se demorou a “aclimatizar” na montanha;
7 - É o número que inclui em italiano o nome do personagem Settembrini;
Resumindo o espácio-temporal do livro: Hans Castorp é um vulgar engenheiro naval, natural de Hamburgo e decide visitar o primo Joachim tuberculoso internado num sanatório nos Alpes suíços. O plano era ficar apenas três semanas, aproveitar para tratar uma ligeira anemia e regressar à sua vida comezinha de sempre. No entanto, também Castorp é acometido de tuberculose e, de visitante passa a doente. 7 são os anos que Hans Castorp acaba por ficar na montanha. O número do quarto que lhe é atribuído tem uma enorme simbologia cabalística: 34. A soma de 3+4 = 7.O número 3 encontra expressão no triângulo da Santíssima Trindade e o 4 nos quatro elementos físicos (terra, água, ar e fogo):
7 - Era a idade que Hans Castorp tinha quando os seus pais morreram;
7 - É o número de minutos que os doentes no Sanatório têm de ter o termómetro na boca;
7 - Foram as semanas que Hans Castorp se demorou a “aclimatizar” na montanha;
7 - É o número que inclui em italiano o nome do personagem Settembrini;
7 - São as mesas da sala de jantar do Sanatório;
7 - São os capítulos pelos quais o livro se divide.
7 - São os capítulos pelos quais o livro se divide.
Tudo é discutido na Montanha Mágica, a vida, a morte, a
doença, o amor, o humanismo, o progresso, a modernidade e a irracionalidade da
sociedade. Dizer-se que A Montanha Mágica
é um romance caleidoscópio, isto é, que permite tantas interpretações quantos leitores
tiver, é uma frase-feita que não se aplica aqui. A Montanha Mágica requer uma hermenêutica própria. Pode parecer que este livro tem
uma certa disposição grave, mas realmente, há humor e ironia na maneira como
Thomas Mann escreve. O riso da inteligência da numerologia cabalística, é disso exemplo. Assim como no desassossego pessoano em face do drama real,
o riso e a subtileza de estilo, foi a opção que lhe coube.
A Montanha Mágica, é um reflexo da humanidade espelhado no topo da montanha. Como refere Mann, não há nenhum clarim que inaugure um novo minuto, uma nova hora, um novo dia, um novo mês, um novo ano ou um novo século, somos nós, os homens, que soltamos os foguetes e repicamos os sinos. Que sinos estes que não repicam por ninguém. A História é imprevisível porque o homem também o é. Sabemo-nos num fim da História e na angústia que dele advém, sabedores de pouca coisa e interrogadores de uma totalidade que nos escapa. É esta a ironia que o romance cumpre: mostra-nos o nosso limite. Há, portanto, esta gargalhada para todos aqueles que tiverem a coragem de a dar. Como Vergílio Ferreira disse, a propósito do desassossego pessoano, assim o poderíamos dizer da Montanha Magica: o riso é um recalcamento, porque chorar é ofensivo.
A Montanha Mágica, é um reflexo da humanidade espelhado no topo da montanha. Como refere Mann, não há nenhum clarim que inaugure um novo minuto, uma nova hora, um novo dia, um novo mês, um novo ano ou um novo século, somos nós, os homens, que soltamos os foguetes e repicamos os sinos. Que sinos estes que não repicam por ninguém. A História é imprevisível porque o homem também o é. Sabemo-nos num fim da História e na angústia que dele advém, sabedores de pouca coisa e interrogadores de uma totalidade que nos escapa. É esta a ironia que o romance cumpre: mostra-nos o nosso limite. Há, portanto, esta gargalhada para todos aqueles que tiverem a coragem de a dar. Como Vergílio Ferreira disse, a propósito do desassossego pessoano, assim o poderíamos dizer da Montanha Magica: o riso é um recalcamento, porque chorar é ofensivo.
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