Cartografia de ligação aos astros
“O tempo é a substância do que sou feito”, dizia Jorge Luís Borges. Como não seria o tempo a figura e a seiva da música (e da arte)? O Zeitgeist não é o determinado momento que o artista vive? Não é a música, por excelência, a arte do tempo? Neste presente que se encerra desde Março de 2020 com instáveis perspectivas de futuro , damos por nós em exercício de “contraforça” ao confinamento a elaborar as listas de um passado que se arrasta, das músicas, livros e dos filmes. Uma lista organizada como uma parábola, isto é, serve como um catálogo de respostas – emocionais, intelectuais, poéticas, lúdicas – contra a ideia de entropia. Um catálogo que obtém uma certa ordem às custas do aumento da desordem do mundo. Muitas destas canções expressam o desgosto e a irritação de um quotidiano, seja sob a forma de sátira; como no caso dos Strokes, marcado pelo automatismo dos fantoches, das ideias feitas, dos hábitos, dos engravatados solenes e da estupidez; seja pela forma de ...